quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

CONCEITO DE HOMEM

Partindo do princípio de que o homem é, por excelência, o ser da ação consciente e, posteriormente da contradição que deriva da busca pela perfeição, logo concluir-se-á como conceito fundamental desse (o homem) o fato de que ele é um ser imperfeito, todavia, dotado de vontade, tanto para a ação benéfica, quanto para a ação maléfica. Por ação benéfica, aqui, entende-se todas aquelas que, de algum modo, instigam ou contribuem para aproximar o homem da perfeição. Em contrapartida, por ação maléfica estão subentendida todas aquelas que promovem um retardamento do processo evolutivo do homem que tem como telos a plenitude da perfeição. Ao se classificara algumas ações humanas como malignas nada está se querendo dizer da existência de outro caminho optativo, dada a plena liberdade do homem para escolhê-lo, ao qual se conveio chamar de mal. Mas, simplesmente quer se ressaltar que essa ação assinala somente um momento de debilidade do homem no percurso para o alcance de sua meta primordial. Essa ocasião, diga-se de passagem – pode também ser entendida como um momento de atraso no itinerário do homem para o requinte. Se o mal constitui um período de queda, o homem volta, destarte, a se levantar quando da ação benigna delineia uma nova maneira de peregrina. Esse estágio constituído pela tríade caminhar, cair e levantar para seguir, cabe lembrar, advém, sobretudo, da ignorância e incapacidade humana de reconhecimento concreto de que a ação benigna é, de fato, o combustível propulsor que lhe possibilita marcha. Essa ignorância e incapacidade – cabe ressaltar – é fruto da imperfeição que fora inicialmente tratada. Por alguma ótica, poder-se-ia dizer que o mal não tem existência própria, ou seja, não existe por si mesmo. Sendo assim, se torna cabível a argumentação de que ele é sempre fruto da ação do homem: aquela que decorreu do ato de se desviar da ação benigna. O mal é, pois, algo que se constrói gradativamente ao longo da vida humana, razão pela qual se convém dizer que o homem, da mesma forma como está para a ação correta, está igualmente para o cometimento de erros. O mal, que se constitui pela ação do homem, cabe notar, não é ausência do bem. Da mesma maneira, o bem não é ausência do mal, pois, para assim ser, seria necessário admitir uma existência própria para essas categorias (bem e mal), de onde se deduziria um lugar para seu vir a ser. Existindo esses dois caminhos, o homem poderia, com liberdade, escolher um desse para seguir, motivo pelo qual o outro seria, necessariamente, negado. Entretanto, isso não é passível de realização, pois, escolhendo o caminho do mal já não se justificaria qualquer ação boa. Por outro lado, escolhido o caminho do bem, já não seria viável qualquer ação má. O que justifica isso é o fato de que o homem ora age com bondade, ora com maldade. Indubitavelmente, isso equivale a dizer que o caminho do bem e do mal, tal como se pretende em geral, não existe. O que existe é o homem agindo a todo o momento, às vezes com bondade, por vezes maldosamente. O que, de fato, regula a ação do homem é justamente o grau de cultura intelectual que muitas vezes tende a nortear suas escolhas. Convém salientar que por intelectual aqui não se entende aquele ser letrado dotado de muita ciência, mas simplesmente aquele que se vale do bom-senso na determinação de sua ação. Assim, é possível que o homem bruto (aquele que jamais conheceu a “letra”) seja mais intelectual do que aquele que dedicou tantos e tantos anos de vida para a academia. Pois, aquele, mergulhado na simplicidade, não está menos propenso a ação boa do que esse que imerso na cientificidade muitas vezes dá existência ao mal em grande escala. O home é, portanto, esse ser imperfeito, de vontade e de escolha; que faz tanto o bem, quanto o mal, e não só uma dessas coisas ao extremo. Se fizesse só o mal, já não seria homem, seria o demônio. Por outro lado se fizesse apenas o bem, também não seria homem, seria, portanto, um deus.

quick search